terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O Selo Verde da USP

Algumas informações e artigos publicados na mídia em relação à criação do Selo Verde pela Universidade de São Paulo.
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Selo Verde da USP: reconhecimento às empresas preocupadas com o meio ambiente.
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fonte: Assessoria de Imprensa da Reitoria da USP, 19 de Dezembro de 2008.

O Centro de Computação Eletrônica da Universidade de São Paulo (CCE-USP), com o apoio da Coordenadoria de Tecnologia de Informação (CTI), lançou, no dia 17 de dezembro, o Selo Verde da USP, um reconhecimento concedido às empresas da área de tecnologia cujos produtos sejam ambientalmente sustentáveis.
Esta primeira série de Selos Verdes foi concedida à Itautec pelo lote de mais de dois mil computadores, entre laptops e notebooks, fornecidos para a Universidade, atestando que as máquinas estão em conformidade com a diretriz européia RoHS, que prevê a não-utilização de insumos tóxicos ao meio ambiente na fabricação de equipamento, além de apresentar maior eficiência energética.
Além dos computadores, o Selo Verde também poderá ser aplicado em outros equipamentos eletrônicos, como impressoras e switches (usados na conexão de computadores em rede).
"Temos certeza de que este processo firmado entre a USP e a Itautec abre precedentes para que outras instituições adotem como condição, em suas licitações e concorrências, a preocupação real com o meio ambiente", afirmou a diretora do CCE, Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho, que fez uma apresentação sobre o trabalho desenvolvido pela Comissão de Sustentabilidade do Centro, responsável pela criação do Selo Verde, durante a cerimônia de lançamento.
A Comissão foi implantada em 2007 e desenvolve, dentre suas ações, o tratamento de lixo eletrônico. "Em junho, coletamos, apenas no CCE, cinco toneladas de lixo eletrônico, entre hard disks, drivers, PCs, teclados, impressoras e mouses", destacou. Segundo ela, a proposta é a de criação de um Centro de Descarte e Reciclagem Sustentável, em parceria com o Massachussetts Institute of Technology (MIT), que expanda esse trabalho para outras Unidades da USP. O CCE receberá, em janeiro, cinco pesquisadores do MIT para o desenvolvimento do projeto, que contará com a parceria da Agência USP de Inovação.
Para a reitora da USP, Suely Vilela, "ambas as iniciativas, criação do selo verde e implantação de um Centro de Descarte e Reciclagem Sustentável, destacam-se pelo pioneirismo em relação a órgão público e de ensino superior no Brasil". A reitora enfatizou a importância do esforço conjunto do CCE com a Coordenadoria de Tecnologia da Informação (CTI), que permitiu a aquisição dos computadores e notebooks verdes da empresa Itautec, "que tem trabalhado visando ao atendimento dos requisitos internacionais de produção sustentável".
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O QI verde da USP
por Silvia Balieiro
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fonte: INFO Online, 22 de Dezembro de 2008.
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A Universidade de São Paulo cria um selo verde e pensa na criação de um centro de descarte, reuso e reciclagem sustentável para microcomputadores velhos.


O que tecnologia tem a ver com sustentabilidade? Essa pergunta é respondida com freqüência pela professora Tereza Cristina Carvalho, professora do LARC e diretora do CCE (Centro de Computação Eletrônica) da USP. Essa pergunta é feita não só por pessoas de fora, mas também de dentro da USP. Para todas a professora Tereza tem a resposta na ponta da língua. E não é por acaso. Ela é líder de um movimento que acaba de criar um "selo verde" para todas as máquinas que são compradas pela Universidade de São Paulo. Além disso, foi dela a iniciativa de criar um centro de reciclagem para máquinas velhas dentro da universidade. Em entrevista à INFO, Tereza falou a importância de ser verde para as empresas e para os usuários de tecnologia.

INFO As empresas ainda estão reticentes em relação à necessidade da sustentabilidade na TI
Profa. Tereza Muitas empresas ainda estranham esse assunto. Mesmo aqui no CCE, quando nós falamos da necessidade de criar uma TI mais verde, muitos se perguntaram o que a tecnologia tem a ver com a sustentabilidade.

INFO Como esse trabalho começou aqui na USP?
Profa. Tereza Sou ex-aluna do MIT (Massachusetts Institute of Technology) e em 2007, durante um encontro de ex-alunos, conheci um projeto de Sustentabilidade, que busca transformar máquinas obsoletas ou inutilizadas em algo útil. Foi aí que resolvi fazer algo parecido aqui na USP, com o apoio do MIT.

INFO Como funciona essa parceria com o MIT?
Profa. Tereza Assim que nosso projeto foi aprovado por uma comissão deles, dois representantes vieram ao Brasil para começarmos a colocar o plano em ação. Com a ajuda deles criamos a Cadeia de Transformação de Lixo Eletrônico, um projeto que tem a intenção de pegar a sucata de um micro e aproveitar ao máximo os seus componentes e matérias.
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INFO Que materiais e componentes são esses?
Profa. Tereza São vários. A sílica, por exemplo, pode ser transformada em vidro, o plástico é reaproveitado transformado em outros materiais plásticos e o mesmo pode acontecer com as peças metálicas ao passarem por uma reciclagem.

INFO Quais ações já foram tomadas por esse grupo de sustentabilidade?
Profa. Tereza Quando começamos decidimos fazer uma experiência. Fizemos uma campanha de limpeza do CCE (Centro de Computação Eletrônica). Em apenas um dia recolhemos 5 toneladas de lixo eletrônico, como micros, mouse, teclado e CDs. Tudo isso vinha sendo acumulado pelas 220 pessoas que trabalham somente aqui no centro.

INFO O que vocês fizeram com todo esse lixo?
Profa. Tereza Essa coleta foi o primeiro passo de nosso projeto. Em seguida criamos uma comissão de sustentabilidade, que teve o objetivo de buscar formar de reaproveitar esse lixo eletrônico.

INFO Quem faz parte dessa comissão?
Profa. Tereza São oito pessoas das cinco divisões do CCE. Essa comissão foi procurar empresas ou organizações que pudessem fazer a reciclagem. Mas o que eles verificaram foi que a maioria das empresas que diziam que reciclavam só exportavam o lixo para lugares incertos, na maior parte das vezes da Ásia.

INFO Isso é ruim?
Profa. Tereza Sim. É ruim, porque dessa forma não é possível saber se a máquina é realmente reciclada ou é apenas descartada num outro lixão. E os riscos de ter esse lixo espalhado de forma inconseqüente são grandes.

INFO Quais são esses riscos?
Profa. Tereza Uma pilha comum, de boa qualidade, tem 0,02 mg de mercúrio. Já uma pilha de marcas duvidosas e de baixa qualidade tem 80 mg de mercúrio. Se essa pilha é jogada num rio ela pode de alguma maneira afetar a vida de uma pessoa. Agora imagine que no Brasil são consumidas por ano 800 milhões de pilhas de boa qualidade e 400 milhões de pilhas de má qualidade. Em baterias de notebooks também tem uma certa quantidade de mercúrio. Para onde vai todo esse mercúrio, que é uma substância cancerígena? Por isso a necessidade de se fazer um descarte responsável.

INFO Voltando ao lixo eletrônico do CCE, o que foi feito com a sucata?
Profa. Tereza A comissão de sustentabilidade encontrou uma única empresa que realmente fazia a reciclagem. No entanto, para as cinco toneladas de lixo eles pagaram somente 1 200 reais. A partir daí começamos a pensar na criação de uma área de reciclagem de materiais eletrônicos aqui no CCE.

INFO Essa área de reciclagem já está funcionando?
Profa. Tereza Não. Estamos fazendo uma avaliação da viabilidade financeira dessa iniciativa e para isso também estamos contando com a ajuda do MIT.

INFO Quando esse centro de reciclagem estiver pronto vai ser possível levar uma máquina para a USP na hora de fazer o descarte?
Profa. Tereza Ainda não sabemos como funcionará o centro. Há duas possibilidades: criar um centro que faça apenas a separação dos materiais que podem ser reaproveitados ou criar realmente um centro capaz de realizar processos químicos para separar os itens de um micro que realmente são reaproveitáveis. Neste últimocaso seria necessária a obtenção de maquinas maiores para os processos químicos.

INFO Muita gente costuma doar suas máquinas para instituições de caridade ou ONGs de inclusão digital. Esse tipo de iniciativa pode ser considerado sustentável?
Profa. Tereza É preciso analisar com cuidado esse tipo de descarte de máquina. O que se vê muito é que os micros doados têm muitos problemas. Às vezes três micros velhos desmontados se transformam em apenas um micro inteiro, o restante dessa é descartado. A pergunta nesse caso é será que esse descarte tem sido feito de forma sustentável?

INFO A venda de micros tem crescido muito no Brasil. Isso aumenta o número de máquinas em uso. Isso não é um desafio à sustentabilidade?
Profa. Tereza Com certeza é. Há estatísticas que dizem que 10% dos micros em uso ficam obsoletos todos os anos no Brasil. No caso de celular esse número de equipamentos descartados é ainda maior, já esse tipo de equipamento fica obsoleto com maior velocidade.

INFO Na USP foi criado também o selo verde para fabricantes de máquinas e eletrônicos. Qual o objetivo desse selo?
Profa. Tereza Esse selo tem a intenção de identificar as máquinas que são feitas num modelo sustentável. Entre as características está a inexistência de chumbo, a capacidade de economizar energia elétrica, o alinhamento com as normas ISSO 14001 e ISSO 9001 e aderência ao ROHS (Restriction os Certain Hazardous Substances).

INFO Quem já recebeu esse selo verde?
Profa. Tereza A primeira empresa foi a Itautec. Fizemos uma compra de 1962 desktops e 300 laptops. Eles se comprometeram a desenvolver uma máquina com as nossas especificações e apesar do custo 2% mais alto, a quantia não foi repassada para a USP. Em contrapartida a USP emitiu um selo atestando que as máquinas com aqueles números de série são verdes.

INFO Na sua opinião, o que falta para que todas as fabricantes comecem a produzir máquinas verdes, independentemente do selo?
Profa. Tereza No caso do Brasil falta uma legislação que obrigue os fabricantes a criarem máquinas com essas características.

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